BANCOS PERDEM R$ 35 BILHÕES COM PRESSÃO PARA REDUZIR JUROS
NESTA SEMANA, INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS REGISTRARAM PERDAS NA BOLSA EM FUNÇÃO DOS CORTES, E ATÉ A CIELO SE DESVALORIZOU POR ESTAR LIGADA A ELAS
Os maiores bancos brasileiros perderam quase R$ 35 bilhões em valor de mercado na semana encerrada na sexta-feira (28/09) por causa de uma nova rodada de pressão do governo sobre as instituições. Entre segunda e quinta, pesou a discussão para a redução dos juros do cartão de crédito. Na sexta, foi a vez das tarifas cobradas de pessoas físicas e empresas.
Como vem ocorrendo desde o início do processo, o governo colocará os dois bancos que controla - Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal - para tentar forçar os concorrentes privados a baixar as tarifas.
O vice-presidente de finanças da Caixa, Marcio Percival, disse que a instituição anunciará queda de tarifas nos próximos dez dias. "Estamos finalizando os estudos que darão embasamento aos cortes", afirmou. O BB seguirá o mesmo caminho, mas deve demorar um pouco mais para divulgar as mudanças. Nos privados, o assunto ainda está sendo estudado.
Em razão dessa expectativa entre os investidores, a ação que mais perdeu na sexta-feira foi a do Banco do Brasil: 3,88%. Na semana, o recuo chegou a 6,4%. Os papéis do Santander caíram 2,95% na sexta e 8,96% na semana. No Itaú, a desvalorização foi de 2,89% e 9%, respectivamente. O Bradesco apresentou baixa de 1,75% no dia e de 8,43% na semana.
Além dos bancos, a ação da credenciadora Cielo foi castigada na sexta-feira (28): 7,34% de perda. Na semana, a desvalorização foi de quase 15%. O temor dos investidores é de que a empresa seja forçada a reduzir as taxas que cobra dos lojistas pelas "maquininhas" que fazem as transações com cartões de crédito e débito.
Levantamento da Austin Rating mostra que as receitas com tarifas cresceram, em média, 24% entre junho de 2011 e junho deste ano. Na Caixa, a alta foi de 93% - de R$ 567 milhões para mais de R$ 1,1 bilhão. Entre os privados, a maior expansão foi do Santander: 36,4%. A Caixa atribui o avanço ao aumento do número de clientes e de negócios. O Santander não comentou.
Há um consenso no mercado que o futuro das instituições financeiras no País será menos brilhante do que nos últimos anos. A razão, explica o analista de bancos da Austin Rating, Luís Miguel Santacreu, está nas fontes de receita sob ataque.
A primeira delas é a taxa de juros básica (Selic) nos níveis mais baixos da história. Como essa taxa baliza todas as outras, significa dizer que as receitas com empréstimos deverão cair. Além disso, o governo pressiona pela redução do spread bancário (diferença entre a taxa que os bancos pagam na captação e a que cobram nos empréstimos).
Agora, a pressão chega a outras áreas, como tarifas e cartão de crédito. Os bancos, explica Santacreu, precisarão de tempo para se adaptar a esse cenário. Até que esse processo se complete, os bancos terão rentabilidade mais baixa que a dos últimos anos - o que se reflete nas ações.
*Com informações da Agência Estado
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