Dezembro é o mês das edições com as previsões para o ano seguinte.
É o mês para sair a campo entrevistando aqueles que preveem o futuro.
A criteriosa seleção destes previsores é o segredo da matéria e a habilidade de verificar a qualidade destas previsões, como foram feitas, no chutômetro ou cientificamente.
Primeiro, como selecionar a pessoa certa?
1. Escolha sempre aqueles que acertaram no ano passado. Você não quer começar a matéria explicando porque seu previsor errou na última previsão.
2. Destes, escolha quem acertou também no ano retrasado.
3. E da pequena lista que sobrou, escolha os que acertaram 80% nos oito anos anteriores. Mesmo assim, não deixe de comunicar aos seus leitores que as chances de seu entrevistado estar errado desta vez, apesar de todos os seus cuidados acima, é ainda de 20%.
4. Quando as previsões são sobre grandes números como câmbio, inflação, PIB, exija que o previsor mostre em detalhes o modelo econométrico utilizado.
Pergunte se é um modelo estocástico, nominalista, planilhado, com variáveis Dummy e Plug-Ins.
Se é um modelo de uma ou até 2000 variáveis.
Se a opinião dele for de uma única variável, simplesmente agradeça delicadamente e escolha outro.
Chutômetro não é notícia. Isto é especialmente comum com Previsores Estrangeiros, que vem aqui por dois dias para um seminário e são perguntados sobre as suas previsões para o Brasil.
Isto os coloca numa delicada situação porque cobraram caro, mas eles não têm como elaborar modelos econométricos caríssimos para o Brasil, e não podem dizer a você que simplesmente não sabem.
Alguns de fato chutam, mas outros estão roubando e transmitindo informações de previsores brasileiros, e isto é crime de apropriação intelectual.
5. Pergunte a média e a variância da estimativa.
Por exemplo, quando a Revista Exame fazia as suas previsões de crescimento das 500 maiores, além da estimativa de 5%, divulgavam a variância.
"10% das empresas deverão crescer, mais do que 30%, 20% crescerão mais 20%, 10% crescerão 8%, 10% terão queda de vendas de mais do que 25% e assim por diante, até totalizar 100%.
Naquele ano, nenhuma empresa iria crescer exatamente 5%, o número mais publicado pelos jornais na época. Isto complicou a vida de todos os empreendedores de empresas que iriam crescer muito mais do que isto, gerando um clima de desânimo e desconfiança entre fornecedores.
6. Se a previsão for negativa, como é na maioria das vezes que o entrevistado quer chamar atenção para si às suas custas, não deixe de acrescentar "a previsão do Sr.Dr.Prof. é somente válida se nada for feito pelos empresários, governo, público".
"Parece que o Sr.Dr.Prof. até sabe disto, porque me deu um monte de sugestões como as previsões poderiam ser evitadas se ele fosse conduzido, ao Ministério, Secretaria, Cargo, etc... que ele tem em mente."
Você está fazendo esta entrevista graciosamente por alguma razão, você o está ajudando a arrumar um cargo público, mas não precisa reproduzir o pessimismo para chamar a atenção dos governantes.
7. Entreviste também pessoas que não usam estas previsões por as considerarem inúteis, e pergunte o que êles vão fazer no ano seguinte "apesar das previsões em contrário". Como por exemplo, aquelas empresas da Revista Exame que irão crescer 10% ou acima.
Nenhum comentário:
Postar um comentário