Brasil, o perdedor: FT aponta país como o mais fraco entre os emergentes em Davos
México foi o que atraiu o maior volume de investimentos nas negociações
O blog "Beyond Brics", do portal econômico Financial Times, apontou o Brasil como o maior perdedor do Fórum Econômico Mundial (WEF), realizado em Davos, na Suíça. De acordo com o FT, o país foi o menos citado entre os investidores -- reticentes e preocupados com a falta de investimentos em infraestrutura e com o crescimento baseado apenas no consumo.
Em seu discurso apresentado na última sexta-feira (24), a presidente Dilma Roussef destacou o combate à inflação, o reforço das leis de responsabilidade fiscal e a promessa de lucros através de Parcerias Público-Privadas (PPPs). "A estabilidade da moeda é um valor central do nosso país e não transigimos com a inflação", garantiu. Foi a primeira participação de Dilma no WEF; a presidente recusou participar do evento por três anos seguidos.
Entretanto, não foi o suficiente para convencer os investidores e empresários. "O Brasil não pode depender de mais consumo para retomar o crescimento", afirmou, em entrevista ao FT, Ilan Goldfajn, economista do Itaú Unibanco. Para ele, é necessário que o governo invista, principalmente, em infraestrutura.
"Para atrair investimentos, é preciso que o investidor tenha confiança em um horizonte de 20 a 30 anos. O governo luta para prover essa confiança", disse. A publicação alega ainda que Dilma "veio da inauguração de um estádio da Copa do Mundo para Davos e não faz nada para mudar o clima de pessimismo".
Outros emergentes
O México, por outro lado, foi apontado como o "grande vencedor" das negociações em Davos. "Em se tratando de reformas, um país se sobressaiu por ter feito um trabalho excepcional. Eu o digo com grande orgulho: é o México", afirmou Angel Gurria, secretário da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Nas rodadas de negociações, várias empresas anunciaram polpudos investimentos no país: a Cisco planeja injetar US$ 1,3 bilhão; a Nestlé, US$ 1 bilhão; e a PepsiCo US$ 5,3 bilhões. "Esse investimento mostra nossa confiança no presidente [do México, Peña Nieto] e em seu gabinete", diz Indra Nooyi, CEO da PepsiCo. "Esperamos crescer no México, com o México e para o México", comemorou.
Países africanos também se destacaram durante o Fórum. Nigéria, Tanzânia, Quênia e Uganda formaram o grupo que representou o continente, que já foi assolado por guerras civis, fome e doenças. "Não esperem até as próximas eleições para fazer negócios na Nigéria. Eu digo, vá em frente, invista: não há governo que vá se opor aos negócios. Você não estará cometendo um erro vindo aos nossos países", disse Aliko Dangote, um dos homens mais ricos da África.
A China, que nas últimas décadas apresentou um crescimento estarrecedor, foi apontada como "equilibrada". Apesar de parecer promissor, o FT aponta que "a execução dos planos de reforma do país constituem seu calcanhar de Aquiles". Lloyd Blankfein, CEO do Goldman Sachs, lembra: "Todos sabem que para boas políticas e boas intenções, há um longo caminho para a realidade. A execução pode ser crítica. Tudo pode dar errado".
Já a Índia foi apontada como "de neutra para negativa". A economia do país é instável, apesar da promessa de crescimento da ordem de 6%. "Gastamos uma fortuna subsidiando petróleo, diesel e gasolina durante os últimos cinco anos, em vez de gastar com a infraestrutura que precisamos", afirmou Vineet Nayyar, vice-chairman da Tech Mahindra.
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