quarta-feira, 21 de novembro de 2012

O fim de um passarinho // Stephen Kanitz

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Posted: 19 Nov 2012 05:00 AM PST
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Um passarinho, voou para dento da sala e não conseguia mais achar a saída de volta.
Ficou insistindo num vidro fechado que não tinha como abrir.
O estudante idealista parou o jogo de cartas.
_  Precisamos ajudar o coitado do passarinho.
_  Vocês vão parar o jogo só para ajudar um passarinho? disse o banqueiro.
_  Claro que sim, ele precisa de mim.
E foi tentar agarrar o passarinho a todo custo, que obviamente fugia de toda tentativa de ser apanhado.

Escapou mais de cinco vezes, cada vez mais assustado.
_ Posso dar uma sugestão, disse o advogado liberal.
Por que você simplesmente não abre as duas outras janelas desta sala, dando maiores oportunidades para o passarinho achar uma passagem para sairr?
_ Ele já deve ter se metido em enrascadas destas antes, e por tentativa e erro ele achará eventualmente a saída certa.
O estudante, pelo jeito gostou da ideia e abriu as duas janelas como sugerido.
Mas logo teve uma recaída.
- Isto vai demorar.  Aí pegou uma vassoura e começou a tentar induzir o pássaro a voar para a janela mais próxima.
Foi quando o pior aconteceu.
Já confuso e assustado, o pássaro voou com dupla velocidade e bateu no lustre no meio da sala, quebrou o pescoço e caiu como uma pedra.
O banqueiro estava certo.
Se tivessem continuado o jogo o pássaro provavelmente estaria vivo. 
O pássaro não pediu a ajuda de ninguém, e morreu pelo altruísmo de alguém bem intencionado, mas totalmente equivocado.
A solução liberal era uma ajuda indireta, aumentava as chances do pássaro sair sozinho, e assim ninguém poderia acusar o advogado de omissão.
Ao contrário do estudante, que no fundo foi o indutor da morte do pobre coitado.
Por que intelectuais acham que todos nós passarinhos somos perfeitos idiotas, que precisamos da ajuda dos estudantes mais esclarecidos?
Mas o pior da tarde ainda estava por vir.
O estudante correu para o centro da sala, pegou o pássaro carinhosamente na mão e pediu ao mordomo para buscar um pouco de whisky.
O idiota achava que o pássaro estava simplesmente desacordado, e que o cheiro do whisky iria reanimá-lo.
Ele continuou com seu autoengano até o fim, e nenhum de nós, eu infelizmente presenciei esta cena, teve a coragem de dizer que o pássaro estava morto.
Ele continuou achando que o pássaro estava salvo e que seu altruísmo não foi em vão.
E assim lentamente, os passarinhos foram lentamente morrendo um após o outro, e no fim só sobraram alguns cidadãos muito altruístas, vivendo à custa do governo. 

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