sábado, 7 de julho de 2012

Cuba inicia nova caminhada econômica por meio do Empreendedorismo...


EMPREENDEDORISMO CRESCENTE ENCHE AS RUAS DE CUBA DE ANÚNCIOS

PEQUENAS EMPRESAS E PRESTADORES DE SERVIÇO AUTÔNOMOS, ANTES PROIBIDOS, COMEÇAM A INVESTIR NA PROPAGANDA PARA VENDER MAIS

Fachada de cafeteria privada em Havana, em Cuba (Foto: Alejandro Ernesto/EFE)
Cartazes anunciam pequenos negócios privados na capital cubana (Foto: Alejandro Ernesto/EFE)


Pela primeira vez na ilha, mais de 500 profissionais e pequenas empresas autônomas já se anunciam em uma seção especial das páginas amarelas da ilha, o diretório telefônico editado pela empresa de telecomunicações estatal Etecsa.
A extensão do emprego privado, uma das principais medidas do general Castro para "atualizar" a deprimida economia socialista cubana, avança pouco a pouco e, com isso, a necessidade de promover seus serviços: mais de 385 mil cubanos já se aventuram no mundo do empreendedorismo, que na gíria local foi chamado de "cuentapropismo" (pessoas que trabalham por conta própria, sem dependerem do estado). A expectativa é que outros 200 mil se somem a eles ao longo deste ano.
Fotógrafo promove seu trabalho na vitrine de uma loja para pequenos negócios privados em Havana (Foto: Alejandro Ernesto/EFE)
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Páginas amarelas destacam serviços
Aluguel de quartos, restaurantes, estúdios de fotografia, eletricistas, fabricantes de calçado, salões de beleza... São apenas alguns dos serviços privados que já podem ser encontrados nas Páginas Amarelas de Cuba. O que é algo normal em qualquer outro país se transforma em uma novidade numa ilha onde a promoção comercial é baixa ou nula e onde sobra propaganda política.
Em seu novo diretório telefônico, a estatal Etecsa decidiu dedicar um espaço diferenciado para que os trabalhadores privados anunciem seu serviço. Por enquanto, apenas 500 reuniram coragem para experimentar, mas se espera que a presença de cuentapropistas no guia aumente em edições posteriores.
Vários negócios privados funcionam e fazem propaganda em rua de Cuba (Foto: Alejandro Ernesto/EFE)
"É um passo positivo", reconheceu a proprietária de um restaurante privado de Havana, que aproveitou o espaço das páginas amarelas para promover o negócio que administra com o irmão.
Ciclista circula próximo a cartazes que promovem um restaurante privado em Havana, Cuba (Foto: Alejandro Ernesto/EFE)
Os interessados contratam os anúncios com tarifas em peso conversível (equivalente a US$ 0,90 do câmbio oficial) e podem optar por duas modalidades: uma com informações básicas sobre o negócio (nome, endereço e telefone) e outra que permite comprar espaços publicitários de tamanhos diversos e com imagens incluídas.
Os textos dos anúncios são "puramente noticiosos" e sem um "enfoque consumista", segundo responsáveis da Etecsa.
As páginas amarelas não são o único meio que os negócios privados em Cuba encontraram para se promover. Já antes de existir esta possibilidade, os "cuentapropistas" se esforçavam para fazer propaganda por diversos meios: panfletos distribuídos pelas ruas, SMS, emails e sites.
Não faltam blogs e sites que já ofereçam amplas listas de negócios privados em Cuba, sobretudo de restaurantes, os famosos "paladares". Muitas delas deixaram de ser meros estabelecimentos familiares, que tinham de respeitar um limite máximo de cadeiras e mesas,  e agora podem dar serviço a até 50 clientes.
Até mesmo nas sacadas é possível perceber o crescente empreendedorismo de Cuba (Foto: Alejandro Ernesto/EFE)
A proliferação de pequenos negócios mudou inclusive a paisagem de cidades como Havana. As fachadas dos prédios antigos etão cobertas por cartazes na entrada de diversos novos estabelecimentos, muitos deles instalados em varandas de desvencilhados casarões e alguns outros em casas primorosamente arrumadas onde se instalaram cafeterias, salões de beleza, ginásios ou onde se alugam quartos para turistas.
Também já é possível ver nas ruas de Havana veículos que levam em suas portas cartazes ou adesivos anunciando negócios: um dos mais chamativos é um antigo carro conversível que usa o nome de um restaurante de comida indiana.
Há quem tenha começado a testar a fórmula de oferecer descontos a seus clientes caso seus carros façam algum tipo de publicidade do negócio, como já ocorre em algumas cafeterias da capital cubana.
Os funcionários de um desses negócios não tiveram dúvidas de promovê-lo estendendo um enorme cartaz durante o último desfile do Dia Primeiro de Maio, que neste ano se caracterizou por uma destacada presença do setor de trabalhadores por conta própria.
Um sintoma que lentamente pode ser sentido pela incipiente abertura econômica na ilha é a relativa facilidade dessas fórmulas promocionais. Alberto, proprietário de uma dessas cafeterias que estão se tornando famosas com o método dos adesivos-desconto em veículos, afirma que o estabelecimento não teve dificuldade alguma para fazê-lo.
Também está convencido de que as formas de publicidade aumentarão na ilha porque fazem parte dos ajustes econômicos empreendidos no país. Até acredita que, em um futuro, chegarão os anúncios comerciais aos meios de comunicação, todos controlados pelo Estado. "Não é contraproducente sempre que seja com respeito e com um fim útil para o Estado", comentou Alberto.
O governo Raúl Castro promoveu o trabalho privado como alternativa trabalhista à diminuição maciça de funcionários do setor estatal (cerca de 500 mil em uma primeira fase), dentro do marco de seus ajustes econômicos para "atualizar" a economia cubana sem renunciar ao socialismo.
A grande abertura do emprego independente foi decretada em outubro de 2010, com a ampliação do número de atividades econômicas autorizadas para exercê-lo.
De acordo com fontes oficiais, o governo Raúl Castro prevê que, a médio prazo, as formas não estatais da economia sejam responsáveis por 40% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.
(Soledad Alvarez, da Agência Efe)

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