domingo, 30 de setembro de 2012

Maradona, no auge, apresentando seu currículo — quando só o aquecimento já valia o ingresso

VÍDEO SENSACIONAL: Maradona, no auge — quando só o aquecimento já valia o ingresso

24/09/2012
 às 19:08 \ Tema Livre

VÍDEO SENSACIONAL: Maradona, no auge — quando só o aquecimento já valia o ingresso

Maradona, em um tempo em que o treino, por si só, já valia o ingresso
O grande Maradona, em um tempo em que só o aquecimento já era um show espetacular
Amigas e amigos do blog, recordem uma grande época de um grande craque: Maradona, no auge da carreira, no time italiano do Napoli. Um artista completo, cujo show já começava no aquecimento.
No começo do vídeo, aparece outro grande craque: o brasileiro Careca.


Hebe Camargo no Roda Viva: a única entrevista aplaudida de pé pelos entrevistadores

Hebe Camargo no Roda Viva: a única entrevista aplaudida de pé pelos entrevistadores


29/09/2012
 às 20:16 \ Direto ao Ponto


Hebe Camargo no Roda Viva: a única entrevista aplaudida pelos entrevistadores

Na noite de 17 de agosto de 1987, Hebe Camargo continuava assustada ao topar com o grupo de entrevistadores à sua espera no estúdio da TV Cultura. E não me pareceu convincente o sorriso ─ sempre espontâneo e extraordinariamente cativante ─ que sublinhou as frases exclamadas enquanto cumprimentava os participantes do programa Roda Viva: “Nossa! Quanto intelectual! Só gente que escreve livro!”
“Estou morrendo de medo”, soprara-me quando fui buscá-la na sala da direção da Cultura. “Vocês vão me massacrar, vão me tratar como ignorante”. Respondi com um abraço apertado, um beijo estalado e dois lembretes: “Você não deve desculpas a ninguém. E é muito melhor que todos nós”. Era mesmo. Passados cinco minutos, a fundadora da TV brasileira estava à vontade no centro do cenário que simulava uma arena romana. A soberana da telinha transformava qualquer estúdio ou palco em seu reino
Durante quase duas horas, Hebe contou casos divertidos, recordou episódios dramáticos, disse exatamente o que pensava de coisas e pessoas, não fugiu de nenhuma pergunta, distribuiu afagos, pancadas e farpas, gargalhou, chorou ─ enfim, escancarou a alma e o coração sem temores nem cautelas. Foi um privilégio ter conduzido aquela entrevista. Mais de 25 anos depois, ainda me lembro de tudo. E me comovo com a evocação de um momento mágico.
Voz embargada, lágrimas emergindo dos cantos dos olhos, Hebe quase sucumbiu aos soluços no desabafo que durou 14 minutos. Pelos critérios da televisão, é mais que uma eternidade. “Deixa ela falar”, repetia pelo ponto eletrônico o diretor Roberto de Oliveira. Atendi à determinação com enorme prazer. E todos ouvimos calados o que foi o mais longo monólogo da história dos programas de entrevista. Talvez tenha sido o mais belo. Foi certamente o mais sincero.
Quando o Roda Viva terminou, todos os presentes ao estúdio aplaudiram de pé Hebe Camargo. Isso nunca aconteceu nem vai acontecer de novo, sussurrei ao despedir-me da entrevistada. Ela estava grávida de alívio, orgulho e felicidade. E então entendi que o brilho da estrela impedia que se enxergasse, por trás da risonha vencedora perdidamente apaixonada pela vida, a mulher machucada por humilhações que não cicatrizam.
Eu a conhecera um ano antes, na primeira de duas conversas que tivemos em seu programa. Não voltaria a encontrá-la muitas vezes. Mas ambos soubemos naquela noite de agosto que nos tornáramos mais que amigos. Éramos cúmplices.

Arte aspirada do lixo.... /// Vik Muniz // Lixão do Gramacho

Um documentário extraordinário filmado a partir de sobras dos insumos de vida de moradores da cidade do Rio de Janeiro. Extraídos do lixão de Gramacho, considerado o maior lixão da América do Sul, o farto material serviu de protagonista de um filme premiado pela criatividade e pela oportunidade de inventariar um "patrimônio" despojado por uma parte da sociedade da capital do Estado do Rio de Janeiro.
A mistura de materiais como o ferro, o papel, vidro, plásticos, roupas, sapatos e outros produtos que separados vão customizar a vida dos catadores do lixão, dá um lição de vida aos urbanos da cidade grande... O documentário é surpreendente exemplo da capacidade inventiva de uma comunidade que 'vive no e do lixo'. Os três mil trabalhadores têm uma cooperativa que os agrupa e lhes aponta uma planilha de trabalho e tenta dar identidade funcional, afinal, o catador não é reconhecido como um servidor legal...
O filme que verão é cativante, emocionante, exemplar, cheio de demonstração de garra. Ele evoca admiração e respeito por coadjuvantes tão impressionantes e tão apegados aos seus objetivos e que repercutem  notável autoestima... O filme nos emociona!
Assistam ao documentário com um misto de respeito, com um suporte de compaixão...

sábado, 29 de setembro de 2012

Os bancos perdem trinta e cinco bilhões de reais por juros baixos

http://epocanegocios.globo.com/Informacao/Resultados/noticia/2012/09/bancos-perdem-r-35-bilhoes-com-pressao-para-reduzir-juros.html

BANCOS PERDEM R$ 35 BILHÕES COM PRESSÃO PARA REDUZIR JUROS

NESTA SEMANA, INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS REGISTRARAM PERDAS NA BOLSA EM FUNÇÃO DOS CORTES, E ATÉ A CIELO SE DESVALORIZOU POR ESTAR LIGADA A ELAS



Os maiores bancos brasileiros perderam quase R$ 35 bilhões em valor de mercado na semana encerrada na sexta-feira (28/09) por causa de uma nova rodada de pressão do governo sobre as instituições. Entre segunda e quinta, pesou a discussão para a redução dos juros do cartão de crédito. Na sexta, foi a vez das tarifas cobradas de pessoas físicas e empresas.
Como vem ocorrendo desde o início do processo, o governo colocará os dois bancos que controla - Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal - para tentar forçar os concorrentes privados a baixar as tarifas.
O vice-presidente de finanças da Caixa, Marcio Percival, disse que a instituição anunciará queda de tarifas nos próximos dez dias. "Estamos finalizando os estudos que darão embasamento aos cortes", afirmou. O BB seguirá o mesmo caminho, mas deve demorar um pouco mais para divulgar as mudanças. Nos privados, o assunto ainda está sendo estudado.
Em razão dessa expectativa entre os investidores, a ação que mais perdeu na sexta-feira foi a do Banco do Brasil: 3,88%. Na semana, o recuo chegou a 6,4%. Os papéis do Santander caíram 2,95% na sexta e 8,96% na semana. No Itaú, a desvalorização foi de 2,89% e 9%, respectivamente. O Bradesco apresentou baixa de 1,75% no dia e de 8,43% na semana.
Além dos bancos, a ação da credenciadora Cielo foi castigada na sexta-feira (28): 7,34% de perda. Na semana, a desvalorização foi de quase 15%. O temor dos investidores é de que a empresa seja forçada a reduzir as taxas que cobra dos lojistas pelas "maquininhas" que fazem as transações com cartões de crédito e débito.
Levantamento da Austin Rating mostra que as receitas com tarifas cresceram, em média, 24% entre junho de 2011 e junho deste ano. Na Caixa, a alta foi de 93% - de R$ 567 milhões para mais de R$ 1,1 bilhão. Entre os privados, a maior expansão foi do Santander: 36,4%. A Caixa atribui o avanço ao aumento do número de clientes e de negócios. O Santander não comentou.
Caixa Econômica (Foto: Divulgação)
Há um consenso no mercado que o futuro das instituições financeiras no País será menos brilhante do que nos últimos anos. A razão, explica o analista de bancos da Austin Rating, Luís Miguel Santacreu, está nas fontes de receita sob ataque.
A primeira delas é a taxa de juros básica (Selic) nos níveis mais baixos da história. Como essa taxa baliza todas as outras, significa dizer que as receitas com empréstimos deverão cair. Além disso, o governo pressiona pela redução do spread bancário (diferença entre a taxa que os bancos pagam na captação e a que cobram nos empréstimos).
Agora, a pressão chega a outras áreas, como tarifas e cartão de crédito. Os bancos, explica Santacreu, precisarão de tempo para se adaptar a esse cenário. Até que esse processo se complete, os bancos terão rentabilidade mais baixa que a dos últimos anos - o que se reflete nas ações.
*Com informações da Agência Estado

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

BBC Brasil - - Apesar de redução, Brasil ainda tem um dos mais altos custos de energia

BBC Brasil - Notícias - Apesar de redução, Brasil ainda tem um dos mais altos custos de energia

Apesar de redução, Brasil ainda tem um dos mais altos custos de energia

Atualizado em  11 de setembro, 2012 - 14:24 (Brasília) 17:24 GMT
Linha de montagem | Crédito da foto: Reuters
Energia cara, especialmente para a indústria, impacta crescimento.
O governo detalhou nesta terça-feira a redução das tarifas de energia elétrica, que tem como objetivo aumentar a competitividade da indústria brasileira. Apesar da diminuição, o setor produtivo nacional continuará a pagar um das mais altas faturas de energia no mundo.
O anúncio já havia sido feito pela presidente Dilma Rousseff no pronunciamento de 7 de setembro. Na cerimônia no Palácio do Planalto, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, confirmou o corte de 16,2% para os consumidores residenciais e de até 28% para as indústrias. As medidas passam a valer no início de 2013.
Segundo Lobão, a redução vai se dar em duas frentes: de um lado, o governo vai zerar ou reduzir encargos setoriais, que juntos, respondem por 12,5% do preço da tarifa industrial; de outro, aproveitará o vencimento das concessões de geração elétrica para puxar para baixo o custo da energia ao renová-las.
Segundo levantamento da Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro), a redução média para a indústria deverá ficar em torno de 19,4%.
Após o anúncio, o Brasil passou da quarta para a oitava posição entre os países com as mais altas tarifas de energia para a indústria no mundo, mas continua a pagar mais caro do que todos os outros Brics (grupo que inclui Rússia, Índia, China e África do Sul), segundo estudo da Firjan com base em dados da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), que inclui 28 países.

'Zona de competitividade'

Tarifas industriais de consumo de energia elétrica (R$/MWH)*

1. Itália - R$ 458,3

2. Turquia - R$ 419

3. República Tcheca - R$ 376,4

4. Chile - R$ 320,6

5. México - R$ 303,7

6. El Salvador - R$ 295,4

7. Cingapura - R$ 271,8

8. Brasil - R$ 265,2**

18. Índia - R$ 188,1

22. China - R$ 142,4

23. Estados Unidos - R$ 124,7

26. Rússia - R$ 91,5

27. Argentina - R$ 88,1

28. Paraguai - R$ 84,1
*O ranking foi feito com base na paridade do poder de compra (PPP) de 27 países selecionados.
**Considerando a redução média de 19,4% 
Fonte: FIRJAN
Segundo Cristiano Prado, gerente de Competitividade Industrial e Investimentos da Firjan, mesmo com a redução o Brasil permanece fora da chamada "zona de competitividade", com uma tarifa média superior à dos principais países latino-americanos, por exemplo.
Considerado por muito tempo um dos principais entraves para o crescimento e à competitividade da indústria, o alto custo da eletricidade é um dos principais integrantes do chamado "Custo Brasil".
A baixa competitividade se traduz em produtos mais caros para o consumidor brasileiro e na perda de espaço no mercado internacional.
A redução das tarifas elétricas vem na esteira do conjunto de medidas de diminuição de custos estruturais, iniciada em agosto deste ano com o anúncio do plano de concessão de rodovias e ferrovias ao setor privado, que pretende minimizar o déficit de infraestrutura do Brasil.
"A medida do governo 'limpa' as bases da cadeira produtiva, aumentando sua competitividade e gerando um ciclo virtuoso", afirmou à BBC Brasil Paulo Pedrosa, presidente-executivo da Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (ABRACE).

Encargos

Condomínio de Ideias: Dias de fúria // New Yorker.com // Aversão à Liberdade



Condomínio de Ideias: Dias de fúria // New Yorker.com //: http://www.newyorker.com/talk/comment/2012/10/01/121001taco_talk
 COMMENT DAYS OF RAGE BY  STEVE COLL OCTOBER 1, 2012 ...

In “The Roots of Muslim Rage,” an essay published in 1990, the historian Bernard Lewis describes a “surge of hatred” rising from the Islamic world that “becomes a rejection of Western civilization as such.” The thesis became influential. It posited a crisis within a global Islamic community that made conflict with the United States and Europe inevitable. Academics and policymakers expanded on these ideas after September 11th, which brought urgently to the fore questions about how Al Qaeda’s radical ideas should be understood in relation to wider, diverse Muslim thought. (Lewis wrote an essay on the subject for this magazine in the autumn of 2001.) George W. Bush adopted some of the discourse in crafting his Global War on Terrorism. “They hate our freedoms,” the President said


Read more http://www.newyorker.com/talk/comment/2012/10/01/121001taco_talk_coll#ixzz27OL9SLbm

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

“Não há como conteúdo ser totalmente grátis”, diz Francis Gurry, executivo de agência da ONU - ÉPOCA | Negócios e carreira

“Não há como conteúdo ser totalmente grátis”, diz Francis Gurry, executivo de agência da ONU - ÉPOCA | Negócios e carreira

“Não há como conteúdo ser totalmente grátis”, diz Francis Gurry, executivo de agência da ONU

O australiano da agência da ONU que defende as patentes e os direitos autorais considera o Brasil “rico em conteúdo”, mas pobre na criação de meios de distribuir esse conteúdo

MARCOS CORONATO
Francis Gurry, executivo de agência da ONU (Foto: Divulgação)
Quando as fabricantes de eletrônicos Apple e Samsung trocam acusações de cópia e se engalfinham nos tribunais mundo afora por causa de patentes, elas estão: A) buscando o máximo de retorno financeiro por suas criações e, assim, garantindo fundos e incentivo para as próximas melhorias e invenções que vão beneficiar o consumidor ou B) arriscando-se a desperdiçardinheiro, tempo e energia numa tentativa de extrair vantagens de detalhes técnicos pouco relevantes, o que poderá retardar as próximas melhorias e invenções e, assim, prejudicar o consumidor? 
Se você tem uma resposta pronta, parabéns. O diretor-geral da Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI), Francis Gurry, não tem essa sorte. Embora seja especialista no tema, ele admite ter dúvidas sobre quais serão as consequências, para a inovação e o consumidor, das guerras judiciais entre companhias. A OMPI se autodefine como a agência da ONU responsável por estimular a inovação e a criatividade, mundo afora, por meio de um sistema de propriedade intelectual equilibrado e que funcione. Gurry vê progressos nessa causa dificílima e acha que os sistemas de patentes e direitos autorais ainda poderão ser usados em favor de países como o Brasil, sem tradição em criar tecnologia nem marcas globais. O jurista australiano e o presidente do Instituto Nacional de Propriedade Intelectual, Jorge Ávila, eram dois dos palestrantes esperados para o seminário PI & Esportes, marcado para 12 e 13 de setembro, no Rio de Janeiro, a fim de debater o legado econômico a ser deixado no Brasil pela Copa e pela Olimpíada. Antes de viajar para o Rio, Gurry conversou com ÉPOCA.
ÉPOCA - Há uma guerra sobre patentes em andamento no setor de tecnologias dainformação e de telecomunicações – o exemplo mais recente é o da disputa entre AppleSamsung. Essa guerra não atrapalha a inovação?
FRANCIS GURRY - 
Depende do jeito que você olha para o que está acontecendo. Acho que três fatores ajudam a explicar, em certa medida, a guerra de patentes no setor de tecnologias da informação e comunicação: há evidência de que esses períodos de litigância mais intensos ocorrem toda vez que surge uma tecnologia importante. É mais ou menos normal que haja um nível crescente de disputas em torno de inovações fundamentais. Por exemplo, isso ocorreu com a indústria química no final do século XIX.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

BBC Brasil - Notícias - Plano urbano do Rio não pode ficar refém de megaeventos, advertem urbanistas

BBC Brasil - Notícias - Plano urbano do Rio não pode ficar refém de megaeventos, advertem urbanistas


Plano urbano do Rio não pode ficar refém de megaeventos, advertem urbanistas

Atualizado em  10 de setembro, 2012 - 06:46 (Brasília) 09:46 GMT
Obras no Maracanã, em agosto de 2012 (Foto: Sarah Robbins - BBC)
Para urbanistas, obras olímpicas devem se adequar a um projeto de cidade de longo prazo
O prefeito do Rio, Eduardo Paes, já chamou a Olimpíada de 2016 de uma "desculpa fantástica" para fazer mudanças urbanísticas necessárias à cidade. Mas, para dois especialistas estrangeiros, os megaeventos estão pautando excessivamente as mudanças urbanas do Rio, numa espécie de distorção: em vez de Olimpíada e Copa ajudarem a cidade a alcançar um plano urbanístico de por exemplo, 50 anos, a cidade é que está se adequando para acomodar os eventos esportivos.
No livro Planning Olympic Legacies, lançado neste ano, a arquiteta alemã Eva Kassens-Noor analisa o legado urbanístico de cidades-sede de Olimpíadas e diz que o Rio "está sendo guiado pela demanda de megaeventos", desde a conferência Eco-92, passando pelos Jogos Panamericanos de 2007, a Rio+20, a Copa e Rio-2016, em vez de por um planejamento focado nos habitantes.
Para o geógrafo americano Christopher Thomas Gaffney, professor visitante de pós-graduação da Universidade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal Fluminense, pesquisador e que serviu de consultor para o livro de Noor, o perigo é que "o projeto de cidade seja sempre para vender o Rio para outros interesses".
"A cidade está sendo construída para os outros usarem, e esse modelo tem de mudar"
Christopher Thomas Gaffney, pesquisador e consultor
Gaffney, que mora no Rio há três anos, questiona o que ditará o planejamento após 2016. "O que pode ser maior que uma Olimpíada? Essas mudanças deveriam ser parte de m planejamento de longo prazo. A cidade está sendo construída para os outros usarem, e esse modelo tem de mudar", afirma à BBC Brasil por telefone.

Mapeamento

Noor, que é professora-assistente de planejamento urbano e transporte na Universidade Estadual do Michigan (EUA), faz a ressalva de que o capítulo de seu livro dedicado ao Rio ainda está em andamento para futuras edições, mas diz à reportagem que o ideal é "mapear onde quero que a minha cidade esteja nas próximas décadas, e daí ver como os megaeventos podem contribuir com essa visão", em vez de atender às demandas desses megaeventos.
O lado bom, ela agrega, "é que os eventos colocam o Rio no mapa e proporcionam boom econômico, ímpeto ao desenvolvimento urbano e união de partidos políticos, já que é preciso concluir tudo a tempo. O que o Rio conseguiu nesses megaeventos é virar uma cidade referência na América do Sul".
Cristo aceso durante a Rio+20, em junho
Eventos internacionais colocam o Rio no mapa, mas participação popular pode ficar relegada, diz arquiteta
"O lado ruim é que nesse processo a participação política popular acaba relegada, por causa da falta de tempo. Pouca gente é envolvida no planejamento." Além disso, algumas áreas da cidade acabam sendo beneficiadas em detrimento de outras.
Por isso, na opinião de Gaffney, o projeto acaba sendo "segregador", por beneficiar áreas como a Barra – onde ficarão a Vila e o Parque Olímpico – mas não as zonas norte, oeste e a Baixada Fluminense. Ao mesmo tempo, o bolso de todos os moradores acaba afetado pela alta nos preços dos aluguéis da cidade.

Transporte

Uma crítica ao governo brasileiro...


"O Estado Brasileiro está falido há mais de 30 anos"

http://blog.kanitz.com.br/2012/09/a-destrui%C3%A7%C3%A3o-das-nossas-chances-de-crescer.html?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed%3A+stephen_kanitz+%28Stephen+Kanitz+the+blog%29 

09/18/2012

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Por que brasileiros nomeiam advogados e médicos como Doutor???


ELIANE BRUM - 10/09/2012 09h48 - Atualizado em 10/09/2012 09h49
TAMANHO DO TEXTO

Doutor Advogado e Doutor Médico: até quando?

Por que o uso da palavra “doutor” antes do nome de advogados e médicos ainda persiste entre nós? E o que ela revela do Brasil?

ELIANE BRUM
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Comentários
Eliane Brum, jornalista, escritora e documentarista (Foto: ÉPOCA)
Sei muito bem que a língua, como coisa viva que é, só muda quando mudam as pessoas, as relações entre elas e a forma como lidam com o mundo. Poucas expressões humanas são tão avessas a imposições por decreto como a língua. Tão indomável que até mesmo nós, mais vezes do que gostaríamos, acabamos deixando escapar palavras que faríamos de tudo para recolher no segundo seguinte. E talvez mais vezes ainda pretendêssemos usar determinado sujeito, verbo, substantivo ou adjetivo e usamos outro bem diferente, que revela muito mais de nossas intenções e sentimentos do que desejaríamos. Afinal, a psicanálise foi construída com os tijolos de nossos atos falhos. Exerço, porém, um pequeno ato quixotesco no meu uso pessoal da língua: esforço-me para jamais usar a palavra “doutor” antes do nome de um médico ou de um advogado.  
Travo minha pequena batalha com a consciência de que a língua nada tem de inocente. Se usamos as palavras para embates profundos no campo das ideias, é também na própria escolha delas, no corpo das palavras em si, que se expressam relações de poder, de abuso e de submissão. Cada vocábulo de um idioma carrega uma teia de sentidos que vai se alterando ao longo da História, alterando-se no próprio fazer-se do homem na História. E, no meu modo de ver o mundo, “doutor” é uma praga persistente que fala muito sobre o Brasil. Como toda palavra, algumas mais do que outras, “doutor” desvela muito do que somos – e é preciso estranhá-lo para conseguirmos escutar o que diz. 
Assim, minha recusa ao “doutor” é um ato político. Um ato de resistência cotidiana, exercido de forma solitária na esperança de que um dia os bons dicionários digam algo assim, ao final das várias acepções do verbete “doutor”: “arcaísmo: no passado, era usado pelos mais pobres para tratar os mais ricos e também para marcar a superioridade de médicos e advogados, mas, com a queda da desigualdade socioeconômica e a ampliação dos direitos do cidadão, essa acepção caiu em desuso”.  
Em minhas aspirações, o sentido da palavra perderia sua força não por proibição, o que seria nada além de um ato tão inútil como arbitrário, na qual às vezes resvalam alguns legisladores, mas porque o Brasil mudou. A língua, obviamente, só muda quando muda a complexa realidade que ela expressa. Só muda quando mudamos nós. 
Historicamente, o “doutor” se entranhou na sociedade brasileira como uma forma de tratar os superiores na hierarquia socioeconômica – e também como expressão de racismo. Ou como a forma de os mais pobres tratarem os mais ricos, de os que não puderam estudar tratarem os que puderam, dos que nunca tiveram privilégios tratarem aqueles que sempre os tiveram. O “doutor” não se estabeleceu na língua portuguesa como uma palavra inocente, mas como um fosso, ao expressar no idioma uma diferença vivida na concretude do cotidiano que deveria ter nos envergonhado desde sempre.  
Lembro-me de, em 1999, entrevistar Adail José da Silva, um carregador de malas do Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, para a coluna semanal de reportagem que eu mantinha aos sábados no jornal Zero Hora, intitulada “A Vida Que Ninguém Vê”. Um trecho de nosso diálogo foi este: 
- E como os fregueses o chamam?
- Os doutor me chamam assim, ó: “Ô, negão!” Eu acho até que é carinhoso.
- O senhor chama eles de doutor?
- Pra mim todo mundo é doutor. Pisou no aeroporto é doutor. É ó, doutor, como vai, doutor, é pra já, doutor....
- É esse o segredo do serviço?
- Tem que ter humildade. Não adianta ser arrogante. Porque, se eu fosse um cara importante, não ia tá carregando a mala dos outros, né? Sou pé de chinelo. Então, tenho que me botar no meu lugar.
A forma como Adail via o mundo e o seu lugar no mundo – a partir da forma como os outros viam tanto ele quanto seu lugar no mundo – contam-nos séculos de História do Brasil. Penso, porém, que temos avançado nas últimas décadas – e especialmente nessa última. O “doutor” usado pelo porteiro para tratar o condômino, pela empregada doméstica para tratar o patrão, pelo engraxate para tratar o cliente, pelo negro para tratar o branco não desapareceu – mas pelo menos está arrefecendo. 
Se alguém, especialmente nas grandes cidades, chamar hoje o outro de “doutor”, é legítimo desconfiar de que o interlocutor está brincando ou ironizando, porque parte das pessoas já tem noção da camada de ridículo que a forma de tratamento adquiriu ao longo dos anos. Essa mudança, é importante assinalar, reflete também a mudança de um país no qual o presidente mais popular da história recente é chamado pelo nome/apelido. Essa contribuição – mais sutil, mais subjetiva, mais simbólica – que se dá explicitamente pelo nome, contida na eleição de Lula, ainda merece um olhar mais atento, independentemente das críticas que se possa fazer ao ex-presidente e seu legado. 
Se o “doutor” genérico, usado para tratar os mais ricos, está perdendo seu prazo de validade, o “doutor” que anuncia médicos e advogados parece se manter tão vigoroso e atual quanto sempre. Por quê? Com tantas mudanças na sociedade brasileira, refletidas também no cinema e na literatura, não era de se esperar um declínio também deste doutor? 
Ao pesquisar o uso do “doutor” para escrever esta coluna, deparei-me com artigos de advogados defendendo que, pelo menos com relação à sua própria categoria, o uso do “doutor” seguia legítimo e referendado na lei e na tradição. O principal argumento apresentado para defender essa tese estaria num alvará régio no qual D. Maria, de Portugal, mais conhecida como “a louca”, teria outorgado o título de “doutor” aos advogados. Mais tarde, em 1827, o título de “doutor” teria sido assegurado aos bacharéis de Direito por um decreto de Dom Pedro I, ao criar os primeiros cursos de Ciências Jurídicas e Sociais no Brasil. Como o decreto imperial jamais teria sido revogado, ser “doutor” seria parte do “direito” dos advogados. E o título teria sido “naturalmente” estendido para os médicos em décadas posteriores. 
Há, porém, controvérsias. Em consulta à própria fonte, o artigo 9 do decreto de D. Pedro I diz o seguinte: “Os que frequentarem os cinco anos de qualquer dos Cursos, com aprovação, conseguirão o grau de Bacharéis formados. Haverá também o grau de Doutor, que será conferido àqueles que se habilitarem com os requisitos que se especificarem nos Estatutos, que devem formar-se, e só os que o obtiverem, poderão ser escolhidos para Lentes”. Tomei a liberdade de atualizar a ortografia, mas o texto original pode ser conferido aqui. “Lente” seria o equivalente hoje à livre-docente. 
Mesmo que Dom Pedro I tivesse concedido a bacharéis de Direito o título de “doutor”, o que me causa espanto é o mesmo que, para alguns membros do Direito, garantiria a legitimidade do título: como é que um decreto do Império sobreviveria não só à própria queda do próprio, mas também a tudo o que veio depois? 
O fato é que o título de “doutor”, com ou sem decreto imperial, permanece em vigor na vida do país. Existe não por decreto, mas enraizado na vida vivida, o que torna tudo mais sério. A resposta para a atualidade do “doutor” pode estar na evidência de que, se a sociedade brasileira mudou bastante, também mudou pouco. A resposta pode ser encontrada na enorme desigualdade que persiste até hoje. E na forma como essas relações desiguais moldam a vida cotidiana. 
É no dia a dia das delegacias de polícia, dos corredores do Fórum, dos pequenos julgamentos que o “doutor” se impõe com todo o seu poder sobre o cidadão “comum”. Como repórter, assisti à humilhação e ao desamparo tanto das vítimas quanto dos suspeitos mais pobres à mercê desses doutores, no qual o título era uma expressão importante da desigualdade no acesso à lei. No início, ficava estarrecida com o tratamento usado por delegados, advogados, promotores e juízes, falando de si e entre si como “doutor fulano” e “doutor beltrano”. Será que não percebem o quanto se tornam patéticos ao fazer isso?, pensava. Aos poucos, percebi a minha ingenuidade. O “doutor”, nesses espaços, tinha uma função fundamental: a de garantir o reconhecimento entre os pares e assegurar a submissão daqueles que precisavam da Justiça e rapidamente compreendiam que a Justiça ali era encarnada e, mais do que isso, era pessoal, no amplo sentido do termo. 
No caso dos médicos, a atualidade e a persistência do título de “doutor” precisam ser compreendidas no contexto de uma sociedade patologizada, na qual as pessoas se definem em grande parte por seu diagnóstico ou por suas patologias. Hoje, são os médicos que dizem o que cada um de nós é: depressivo, hiperativo, bipolar, obeso, anoréxico, bulímico, cardíaco, impotente, etc. Do mesmo modo, numa época histórica em que juventude e potência se tornaram valores – e é o corpo que expressa ambas – faz todo sentido que o poder médico seja enorme. É o médico, como manipulador das drogas legais e das intervenções cirúrgicas, que supostamente pode ampliar tanto potência quanto juventude. E, de novo supostamente, deter o controle sobre a longevidade e a morte. A ponto de alguns profissionais terem começado a defender que a velhice é uma “doença” que poderá ser eliminada com o avanço tecnológico.  
O “doutor” médico e o “doutor” advogado, juiz, promotor, delegado têm cada um suas causas e particularidades na história das mentalidades e dos costumes. Em comum, o doutor médico e o doutor advogado, juiz, promotor, delegado têm algo significativo: a autoridade sobre os corpos. Um pela lei, o outro pela medicina, eles normatizam a vida de todos os outros. Não apenas como representantes de um poder que pertence à instituição e não a eles, mas que a transcende para encarnar na própria pessoa que usa o título.  
Se olharmos a partir das relações de mercado e de consumo, a medicina e o direito são os únicos espaços em que o cliente, ao entrar pela porta do escritório ou do consultório, em geral já está automaticamente numa posição de submissão. Em ambos os casos, o cliente não tem razão, nem sabe o que é melhor para ele. Seja como vítima de uma violação da lei ou como autor de uma violação da lei, o cliente é sujeito passivo diante do advogado, promotor, juiz, delegado. E, como “paciente” diante do médico, como abordei na coluna anterior, deixa de ser pessoa para tornar-se objeto de intervenção. 
Num país no qual o acesso à Justiça e o acesso à Saúde são deficientes, como o Brasil, é previsível que tanto o título de “doutor” permaneça atual e vigoroso quanto o que ele representa também como viés de classe. Apesar dos avanços e da própria Constituição, tanto o acesso à Justiça quanto o acesso à Saúde permanecem, na prática, como privilégios dos mais ricos. As fragilidades do SUS, de um lado, e o número insuficiente de defensores públicos de outro são expressões dessa desigualdade. Quando o direito de acesso tanto a um quanto a outro não é assegurado, a situação de desamparo se estabelece, assim como a subordinação do cidadão àquele que pode garantir – ou retirar – tanto um quanto outro no cotidiano. Sem contar que a cidadania ainda é um conceito mais teórico do que concreto na vida brasileira. 
Infelizmente, a maioria dos “doutores” médicos e dos “doutores” advogados, juízes, promotores, delegados etc estimulam e até exigem o título no dia a dia. E talvez o exemplo público mais contundente seja o do juiz de Niterói (RJ) que, em 2004, entrou na Justiça para exigir que os empregados do condomínio onde vivia o chamassem de “doutor”. Como consta nos autos, diante da sua exigência, o zelador retrucava: “Fala sério....” Não conheço em profundidade os fatos que motivaram as desavenças no condomínio – mas é muito significativo que, como solução, o juiz tenha buscado a Justiça para exigir um tratamento que começava a lhe faltar no território da vida cotidiana. 
É importante reconhecer que há uma pequena parcela de médicos e advogados, juízes, promotores, delegados etc que tem se esforçado para eliminar essa distorção. Estes tratam de avisar logo que devem ser chamados pelo nome. Ou por senhor ou senhora, caso o interlocutor prefira a formalidade – ou o contexto a exija. Sabem que essa mudança tem grande força simbólica na luta por um país mais igualitário e pela ampliação da cidadania e dos direitos. A estes, meu respeito.  
Resta ainda o “doutor” como título acadêmico, conquistado por aqueles que fizeram doutorado nas mais diversas áreas. No Brasil, em geral isso significa, entre o mestrado e o doutorado, cerca de seis anos de estudo além da graduação. Para se doutorar, é preciso escrever uma tese e defendê-la diante de uma banca. Neste caso, o título é – ou deveria ser – resultado de muito estudo e da produção de conhecimento em sua área de atuação. É também requisito para uma carreira acadêmica bem sucedida – e, em muitas universidades, uma exigência para se candidatar ao cargo de professor.
Em geral, o título só é citado nas comunicações por escrito no âmbito acadêmico e nos órgãos de financiamento de pesquisas, no currículo e na publicação de artigos em revistas científicas e/ou especializadas. Em geral, nenhum destes doutores é assim chamado na vida cotidiana, seja na sala de aula ou na padaria. E, pelo menos os que eu conheço, caso o fossem, oscilariam entre o completo constrangimento e um riso descontrolado. Não são estes, com certeza, os doutores que alimentam também na expressão simbólica a abissal desigualdade da sociedade brasileira.
Estou bem longe de esgotar o assunto aqui nesta coluna. Faço apenas uma provocação para que, pelo menos, comecemos a estranhar o que parece soar tão natural, eterno e imutável – mas é resultado do processo histórico e de nossa atuação nele. Estranhar é o verbo que precede o gesto de mudança. Infelizmente, suspeito de que “doutor fulano” e “doutor beltrano” terão ainda uma longa vida entre nós. Quando partirem desta para o nunca mais, será demasiado tarde. Porque já é demasiado tarde – sempre foi. 
Eliane Brum escreve às segundas-feiras